
A cor azul
produz segurança, compreensão. Propicia saúde emocional e simboliza lealdade,
confiança e tranquilidade. Em Anguera o azul ultrapassou todas essas qualidades,
queria ser algo mais, queria reinar entre o mundo das cores e só não chegou ao
gramado do estádio por falta de mais um mandato do ex-gestor. Agora, venhamos e
convenhamos, aplicar um azul ciano na calçada externa da escola Érico Sofhia
Brandão e do Clube de Campo Tropical não agradou a todos, não proporcionou e
nem simbolizou nada para a cidade, senão a vontade do ex-gestor ou daquele que
lhe repassou e executou a ideia. Nada contra aos que garantidamente tentaram
inovar, melhorar, embelezar ou resgatar a autoestima de quem por ali passava,
ou de agradar o mandatário da época. O certo é que não caiu bem. O gurgurinho tomou
conta da cidade, mas sabe como é né? Cidade pequena, todos se conhecem,
comentam sobre tudo, mas sempre às escondidas. Ninguém queria e nem quer ficar
mal visto pelos seus pares e principalmente pelo prefeito e seus asseclas.
Entretanto, existe sempre aquele — o Zé
Fogueteiro, o bajulador — que vez ou outra colhe assuntos nas rodas de
conversas pela cidade e sopra no ouvido do mandatário de modo a criar
uma moralzinha nem que precise entregar as cabeças do seu João, da Dona Maria e
do seu Martinho. Afinal Zé Fogueteiro sempre quis e quer estar bem na fita com
o mandatário atual, que, por sua vez, nunca foi simpatizante do azul ciano como
tinta para calçadas de escola e de clube, e que aproveitando as investidas e
alfinetadas de Zé Fogueteiro, não titubeou e na primeira oportunidade que
encontrou, após assumir seu novo mandato, deu ordens para recobrir com um tom
de cinza queimado todo o “azul cheguei” que tomava as calçadas da escola Érico Sofhia
Brandão e do Clube de Campo Tropical, devolvendo assim o azul ciano para
o céu da querida Terra das Almas a fim de embelezar e compor o cenário de
nuvens do município, mantendo apenas o azul ciano nas paredes dos órgãos públicos.
“O azul, o azulão, agora só poderá ser visto e lembrado em fotografias particulares,
jornalísticas ou dos satélites, nada mais do que isso. Imagina ‘ocê’
querer inverter o céu pintando o chão de azul e deixando as nuvens à deriva da
escuridão, nem o diabo conseguiu isso”, retrucou Zé Fogueteiro para o prefeito. Por sua vez
Odorico Paraguaçu, o prefeito lendário da novela ‘O Bem Amado’, muito conhecido
pelos quarentões, sorriu à beça em seu gabinete com as declarações de Zé
Fogueteiro. E é assim, sem querer-querendo, com essas pequenas
ações da administração pública desprovidas de revanchismos que as ‘estórias’ do
altivo município de Anguera passam a enriquecer e temperar as páginas da mídia
local. Esse, sem dúvida, será um dos muitos capítulos da novela de Zé
Fogueteiro que não para por aqui, e que em breve saberemos se tal ação agradou
ou não os munícipes, e/ou desagradou o ex-gestor que teve sua marca registrada
apagada pela fofoca do Zé Fogueteiro. Resta-nos então aguardar novos gurgurinhos pela
cidade e a nova aparição de Zé Fogueteiro, ‘o bajulador’, no gabinete do
prefeito para relatar o gosto, a vontade e a aceitação do povo com o novo
mosaico da escola e do clube patenteados pela atual administração do município
de Anguera. Quem tem Zé Fogueteiro como amigo, não precisa de inimigo!
VANDERLON CUNHA.
Cronista
“ Só tem o direito de
criticar aquele que pretende ajudar ”. (Abraham Lincoln).
Portanto, “o cotidiano
(político) é construído por aqueles que interagem nesse contexto. Fazer política
é interagir nos acontecimentos e participar criticamente da sua história”
(RAMOS; BREZINSKI, 2014, p. 9).