Querido leitor me permita fugir um
pouco dos temas políticos que venho publicando há algum tempo neste blog, temas
aos quais dei mais ênfase pelo motivo de ter participado da política local e de
continuar encampando um trabalho político a pedido dos amigos que apostam em
uma sociedade justa e igualitária. Mas, deixemos um pouco de lado a política e
passemos a viajar no contexto que escrevi para vocês logo abaixo. Na verdade,
aqui e agora, quero compartilhar com você, amigo leitor, principalmente aos
contemporâneos nascidos na década de 1970 e que viveram as décadas de 80 e o
início de 90, uma das minhas angustias e, sem sombra de dúvidas, de muitos
outros que viveram essa época.
Ao sugerir o tema, lembrei-me da minha
infância e pré-adolescência, quando todos sentavam à mesa (eu e minha família)
para almoçar ou para jantar, momentos que jamais esquecerei e que me fazem
lembrar a imagem da Santa Ceia, criada por Jesus para transformar doze homens
problemáticos em uma equipe vencedora.
Pois bem, na infância e
pré-adolescência, o patriarca (meu pai) sentava-se à cabeceira de uma enorme
mesa de jantar que ficava no centro da sala da nossa residência. Já nós - minha
mãe, minha irmã e eu - ocupávamos o restante da mesa, ritual esse que perdurou
por longos anos até o dia em que fomos atropelados pela sociedade moderna e sua
inversão de valores. As ações de sentar-se à mesa na minha família deixaram de
ser um ritual e passaram a ser casual. A meu ver nada confortável. Começava ali
uma era angustiante, onde posso confessar claramente aos senhores que até os
dias de hoje não consegui me adaptar e nem tampouco entender essa inversão de
valores, onde o velho costume de sentar-se à mesa esta sendo deixado de lado
não só pela minha família, mas por outras famílias Brasil afora. Esse
comportamento desconcertante me leva a acreditar que o aumento do índice da
desintegração familiar é justamente a falta de hábito de não mais sentar-se à
mesa, causando assim a ruptura de paradigmas conservadores, vistos como
ultrapassados pela sociedade moderna. Prova disso é que em muitas famílias os
relacionamentos pessoais não vão bem, pois lhes faltam o compartilhamento, as
boas conversas, a comunhão e os momentos inesquecíveis. Mas não somente eu
percebi isso, estudiosos no assunto também perceberam o abandono do velho
hábito de sentar-se à mesa e através de estudos empíricos revelaram que o valor
e os benefícios obtidos durante as refeições não tem preço. Sentar-se à mesa é
um momento santo, momento de ministração, momento de ensinar e aprender, de
compartilhar e se comprometer. As famílias que optam pelo velho hábito de
sentar-se à mesa durante as refeições obtêm maior harmonia e fluidez em suas
relações. As pesquisas ainda apontam que quanto mais refeições são realizadas
junto aos pais, mais os filhos se dão bem na escola e atrasam a iniciação
sexual; e menos bebem, fumam, usam drogas, ficam deprimidos, brigam ou
desenvolvem distúrbios alimentares.
Por isso, caro leitor e irmãos
anguerenses, recuperemos esse velho hábito para buscar resgatar o uso de uma
peça mobiliária que, dia a dia, vem sumindo de nossa rotina. Refiro-me à velha
mesa de jantar. E, consequentemente, com o seu uso resgataremos os bons
costumes em prol dos nossos filhos.
Lanço aqui uma frase para reflexão:
“Muitos estão preocupados com o tipo
de planeta que irão deixar aos seus filhos, mas poucos estão se preocupando com
o tipo de filhos que deixarão no planeta”.
(autor
desconhecido)
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